sétimo céu

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drimi@circuloDEbellasArtes
parece-me sempre um privilégio ter acesso a Madrid de cima. desde que lá cheguei pela primeira vez, há 51 anos atrás, sempre andei de cabeça no andar a olhar para o céu e para os telhados, perguntando e fantasiando o que se passaria nos últimos andares daqueles edifícios não tão altos, mas muito maiores que eu.

continuo a achar que lá em cima, nas últimas varandas e terraços, acontecem coisas diferentes de cá de baixo e, por isso, sempre que posso ou me deixam vou até lá cima e espero, às vezes sentada, que algo aconteça. nunca aconteceu nada, porque ainda não estive na hora e sítio certo. mas tenho quase a certeza, que quando ninguém olha, grandes coisas se passam naqueles últimos andares.

com a desculpa de uma exposição menos interessante, subi ao sétimo andar do Círculo de Bellas Artes e passei lá várias horas - de meio da tarde até ao anoitecer - em vigília. 
  
No café majestoso do rés-do-chão deste espaço - já sei que não são terraços, nem últimos andares - juntam-se grupos de, 3 ou mais, senhoras com belas fatiotas, cuidados penteados e bâton, rímel e blush, à volta de cocktails e bules de chá. Provavelmente conversando sobre o que se passa lá em cima.