Levo a bicicleta

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É costume dizer-se: "Parabéns. Leva a bicicleta", de uma forma depreciativa. Como se ganhar uma bicicleta não fosse uma coisa boa.

Talvez a expressão tenha sido inventada por um menino rico, cuja garagem estava cheia de bicicletas e que sonhava ter uma avioneta (máquina prometida pelo pai quando ele fizesse 18 anos). Como os tempos são de crise, as indústrias do pai faliram e a criatura ficou sem a avioneta e vive, até hoje, sozinho e pobre numa garagem cheia de bicicletas. Centenas. Por isso, sempre que perde uma disputa retórica ou um jogo sem prémio diz, ressabiado: "Parabéns, leva a bicicleta". E as pessoas escolhem uma delas e levam-na para casa.

A primeira bicicleta que tive foi na primária e servia para andar aos círculos, numa rua sem carros ao pé de minha casa. Era uma BMX vermelha e um dia foi-me roubada. Foi o meu primeiro desgosto de amor. Vieram mais alguns depois deste, mas este foi o maior. Não me levava a lado nenhum, mas fazia-me viajar.

Quase todas as semanas recebo bicicletas virtuais como prenda. Hoje recebi esta (click). E gostei. Mas depois fui à loja onde ma escolheram e troquei-a por esta azul (click), que combina com o meu açucareiro. Mas num ímpeto consumista virtual, trouxe as duas para casa e guardei-as num quarto próprio para os objetos virtuais.

Gosto de prendas virtuais. Ocupam pouco espaço, não ganham pó e são de fácil manutenção.