Sim, O Tamanho Conta

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Independentemente da raça, credo, classe social, estilo, grau de beleza ou inteligência, há algo no início dos anos 90 que uniu toda a minha geração, pelo menos em Portugal. O seu tamanho e a sua perfeição tornava-nos a rainha da escola e a nossa falta de técnica para a realizar, diariamente, era uma frustração que terá causado a muitas de nós, ainda hoje, mazelas psicológicas.


O dia em que a executávamos na perfeição era um dia vitorioso. Nos dias em que isso não acontecia, qualquer desgraça parecia insignificante perante semelhante falhanço. Dela resultava o nosso êxito com o sexo oposto e junto às nossas semelhantes.


O seu tamanho era fundamental e dele dependia não só a habilidade, como a qualidade dos materiais envolvidos na tarefa. Falo da Poupa ou Pala (ou o nome que lhe queiram dar) que, muitas vezes, vinha acompanhada de um ligeiro frisado ou permanente.
(Muitas gente a esta altura estará a recordar o desgosto que sentiu, quando saiu do cabeleireiro de permanente, qual caniche electrocutado.)


“No meu tempo” a rainha da Poupa era a Susana, uma das raparigas mais bonitas da altura. Hoje em dia pergunto-me se não seria apenas bonita pelos infinitos centímetros, que esse aglomerado de cabelo negro atingia, em cima daquela cabeça, numa graciosa e rija curvatura. Sabíamos que fizesse chuva, sol, vento ou granizo nada poderia destruir aquele perfeito arco romano. Não havia nada mais patético que uma Poupa murcha.


Com o tempo fui aprimorando a técnica, até conseguir algo medianamente digno. Sei que nunca fui uma Alfa da Poupa, mas sobrevivi.


Passaram quase 20 anos e neste tempo já vi regressar à moda muita coisa: os enchumaços nos blazers e camisas, os leggings, a calça à boca-de-sino, o rosa choque, os folhos, as cornucópias... mas nunca mais vi ninguém com uma Poupa como as de antigamente.


No meu tempo é que era.


E hoje em dia, quando tenho uma festa, ou um compromisso importante, e passo horas a tentar escolher que roupa usar, que sapatos combinar ou que sombra colocar nos olhos, depois de alguns minutos de histerismo sei que, independentemente da minha escolha, daqui 20 anos estarei igualmente ridícula.


No próximo número: as bandoletes.



( For you Catote, The Queen of Poupa Rente)