Falas "estrangeiro"?

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As situações e temperaturas extremas, às vezes, fazem vir ao de cima o pior que há em nós.

Detesto restaurantes ou bares com nomes “estrangeiros”.
Principalmente se forem ingleses/americanos ou espanhóis.

Isto começou há já uns tempos quando reparei que um mítico bar de Vila do Conde, teria sido substituído por um café que se chama “Dani´s Irish Pub Café”. Nunca lá entrei, mas tenho passado por lá com frequência e a coisa deixa-me desconfortável e só penso cá para comigo: “Oh Daniel, não havia nome mais original para dares ao teu tasco?” Imagino que seja um Daniel português, porque não estou a ver nenhum inglês no seu perfeito juízo a encantar-se por um local em plena estrada nacional da terra.

Porque não um nome clássico? “Café Central”, por exemplo! Todas as terras têm um, e Vila do Conde não.

E depois há os restaurantes espanhóis em Portugal, cujos donos são portugueses. Alguém conhece um Restaurante Chinês cujo proprietário seja de Trás-os-Montes?

Os nomes não fogem muito disto: “Paquito. Casa de tapas”.

Muito brasileiro que por aqui anda deve pensar que em Portugal há locais próprios para apanhar porrada. Já os estou a imaginar a ligar aos primos que ficaram no Rio de Janeiro “Sábi Vanderlei Uilson, aqui em Purtugau, tem auguns sitius publicos, ondi dão tapas em você. O mais istranho é qui tem di pagá pá levá na cara. E muito”.

Assim, do outro lado do Atlântico, lá se vai confirmando a ideia de que português é “burro meismo”.

Mais uma vez, nestes locais, de espanhola a comida tem pouco. Normalmente podemos deparar-nos com “deliciosas” iguarias congeladas, pedaços de pão (tapas?) com coisas em cima e outras coisas que não se comem em Espanha, mas sim em Portugal, em cima de pedaços de pão (tapas?).

E depois há o “Driver’s”. O “Sunset”. O “Flower´s” e por aí fora…

Possivelmente o Daniel, a par com o seu Irish Pub, abriu um “Sunset” onde a ideia é “vender” aquelas maravilhas que se comem nos E.U.A., porque toda a gente sabe que se há sítio onde se come bem, é lá. E não falo de saúde nem nada que o valha, já que quem se quiser convencer que uma bela de uma alheira ou um queijo da serra são saudáveis, que se trate, porque devem ser as artérias entupidas de colesterol lhe que estão a turvar o discernimento. Falo mesmo de ser bom e saboroso!

Claro que no “Flower´s” o que eventualmente iremos comer é um belo dum prego no pão, que ao contrário do que se come no “Zé do Pipo” (que tem apenas o “tradicional” óleo Fula) é abundante em molhos e/ou queijo.

Não o conheço e já odeio o Daniel. E sei que não é exagero meu, porque todos os que me conhecem sabem que não existe criatura mais sensata, dócil e tão cheia de bons sentimentos como eu. Por isso, Daniel, não sou eu, és tu e para ti tenho apenas 3 conselhos:

- Muda o nome ao teu café para “Café Central” ou, porque não, simplesmente “Daniel”?

- Abre antes um restaurante português em Espanha. Até podes usar o mesmo nome do café que tens em Vila do Conde e tudo, pões-lhe só um “2” no título e até parece que tens uma cadeia.

- E fecha o “Driver’s” e abre um Macdonald’s. Vais ver como tens mais clientela.

E cuidado Daniel, porque também detesto pessoas que abrem restaurantes com numerações no nome, tipo “Daniel 2”. Faz-me pensar que são pouco criativas, preguiçosas ou prepotentes ao ponto de querem fazer parecer que têm uma cadeia do negócio.