Archive for outubro 2007

A Cordinha


O mundo está dividido em 2 tipos de pessoas: as que gostam de cães e as que gostam de gatos.

(E segundo o meu amigo PH o mundo está divido em 3 tipos de pessoas: as que gostam de gatos, as que gostam de cães e as que dividem o mundo em 2 tipos de pessoas, mas adiante…)

As que gostam de gatos nunca tiveram cães. E as que gostam de cães, fizeram as escolha certa.

À Prova de Morte

"À Prova de Morte" é o último filme do Tarantino, com o dedo de Robert Rodriguez, num projecto que pretende ser um tributo aos filmes série Z, assim como às salas dos anos 70 que os exibiam.

Não é, nem de perto, nem de longe a sua melhor obra (até porque não chega a ser uma "obra"), mas dá para passar duas horas em tensão e risos, com carros a alta velocidade, gajas giras e falhas técnicas, de som e imagem (como acontecia nos filmes da época).

O realizador continua a presentear-nos com diálogos divertidos e violência gratuita, que de tão exagerada, deixa de nos chocar (ou quase).


Who made Who?

A contra-cultura


A propósito de uma crise existencial de Sexta-feira à noite, aqui vai a sugestão de um livro de um senhor espanhol chamado Luis Racionero, que se chama "Filosofias del Underground".
Basicamente fala do racionalismo enquanto corrente dominante. Explica a Revolução Industrial, que deu origem à actual "Ditadura do Capitalismo" culpada da crise do pensamento ocidental vigente.
E por fim vai expondo as várias correntes de pensamento, filosofias, etc, como contra-culturas que são contestatárias do imperialismo cultural, da ditadura da razão, que abafam e desacreditam e oprimem o que está para além delas.
E para terminar, o racionalismo procura a verdade, as filosfias do Underground o prazer.
"Precisamos de novos valores que estruturem a sociedade para uma nova cultura autoritária, descentralizada, humanística, individualística, imaginativa e espontânea."

Graças a dEUS!



Kiss My Jazz

Já têm muitos aninhos e uma das suas figuras principais é Rudy Trouvé, em tempos guitarrista dos dEUS. Portanto, mais um "agrupamento musical" da cena belga, contemporâneos dos dEUS, Moondog Jr. (mais tarde Zita Swoon), and so on...

Herman Düne

http://www.hermandune.com/

Herman Düne é um músico sueco, que não é de agora, mas que só esta semana descobri. Ainda ouvi pouco, mas do que ouvi gostei. É mais um com a etiqueta de Indie - esse termo tão lato. Aqui o nosso amigo, tem um rock e folk à mistura em canções com uma letras muito interessantes.
Fiquei a gostar ainda mais dele, quando descobri que entre os seus vários projectos paralelos, há um onde juntou à cantora francesa Clémence Freschard para lançar Kreuzberg Café, um disco de versões de Nick Cave, Leonard Cohen e Will Oldham.
Tentei colocar um vídeo, depois tentei pôr uma música aqui no blog, mas infelizmente ainda há coisas que não domino. I'll keep trying.
Fica um link, com um vídeo e uma musiquinha very good very nice:

Será que lhe faltava sal?


Já se sabe como começam estas coisas. Juntam-se meia dúzia para jantar, mais ou menos da mesma idade. Começa por se falar nas últimas viagens/experiências/novidades. Uma pitada de política, arte, de música e cinema (não que as duas últimas não sejam arte). E inevitavelmente um elemento leva-nos até à televisão. "Lembras-te daquela série em que..."

Beverly Hills 90210, Alf, Quem sai aos seus, Macgyver, Missão Impossível, Roque Santeiro...
Que bom que é ter referências comuns.

E depois alguém comenta que estamos a ficar velhos. Todos pensam o mesmo. E vamos para casa com um misto de satisfação e nostalgia.

"Ai, ai... Foi um serão agradável" pensaram todos.

"Merda, ninguém me elogiou a comida. Estaria insossa?" pensei eu.

Importa e Exporta

http://www.lesballetscdela.be/


Eram 6 em palco a dançar e 4 que tocavam - 1 deles cantava.
Havia música barroca e música electrónica, às vezes, misturadas.
Às vezes os músicos eram actores. Houve humor. Drama e crueldade.
Os corpos contorciam-se até ao infinito.
Um espelho da luta pelo poder. Como la vida misma.

“Import Export” é dança, teatro, malabarismo, música e arte visual. Tudo num só espectáculo de uma das companhias de dança contemporânea mais conceituadas a nível mundial.




O menino da lágrima


Enquanto "não-artista", esta foi uma das minhas primeiras influências.

Sou uma não-artista!

Desde pequena que quero ser artista, mas infelizmente Deus nosso senhor não me dotou das características necessárias.

Nunca soube desenhar ou pintar. Quando tinha uns 13 anos, tive um professor de Desenho que me motivou e me fez acreditar que afinal estas coisas também se aprendem. Quase me enganei com o meu futuro sucesso enquanto artista plástica, mas no ano a seguinte mudei de professor e apaixonei-me pelo que tive a seguir. Escusado será dizer que os meus esforços artísticos, logo se transformaram em fantasias amorosas, planos rebuscados de como conquistar o meu professor de 40 anos. Pouco tempo depois achei que o melhor era jogar pelo seguro e seguir a área das letras e o meu relacionamento com o mundo das artes ficou por ali... 14 anos depois casei-me com um pintor e a história ficou arrumada!

Musicalmente é como se tivesse dois ouvidos esquerdos. O meu pai é músico. Tentei aprender a tocar guitarra. Durei uma lição e desisti. Tentei ser autodidacta na flauta. Iniciei-me com o "Parabéns a você". Fiquei-me pelas 3 primeiras notas...

Desgraça. A minha vida enquanto artista estava condenada ao falhanço. Jamais seria uma artista reconhecida pelos meus pares e pelo mundo.

Continuando o meu percurso cronológico enquanto "não-artista" - sim porque isto de não ser artista estende-se a todas as áreas da minha vida, nomeadamente o facto só conseguir ver as coisas de uma forma totalmente linear e cronológica. Tudo o que sai desta linha, não faz sentido. Metaforicamente falando, quando não é assim, é como se entendesse todas as palavras e não entendesse o texto (sendo o texto a vida, claro). Tudo o que é abstracto, ultrapassa-me. Não sou limitada, sou apenas prática.

Voltando à dita cronologia. Durante uns tempos frequentei uma psicóloga. Sem preconceitos! É como quem vai ao ginásio. Ou frequenta aulas de pintura. Tinha algum dinheiro para investir em mim, e achei que os meus amigos andavam sem paciência para ouvir as minhas conclusões sobre a existência humana. Alguns nem sequer estavam à altura para entender as minhas reflexões perspicazes. O melhor era mesmo pagar a uma profissional. Sem complicações. Chegava, sentava-me e abria a goela. Tenho a certeza que a senhora - que tinha mais ou menos a minha idade - de vez em quando deixava de me ouvir. Outras vezes eu pensava na seca que lhe estava dar. Coitada! Mas depois, num acesso de petulância sossegava-me: "É para isso que eu lhe pago". Toma!
Era com ir às putas - e passo a expressão, porque sou uma rapariga com tendências puritano-feministas.

Claro que não posso negar que muitas vezes chegava lá deprimida. Com tristezas e angústias. No início cheguei a pensar, que quando isso acontecesse ela dar-me-ia a solução para todos os meus males. Errado. Segundo ela "A solução está em nós". Tretas. A gaja era uma chupista.

Um dia perguntou-me: "Que gostas tu de fazer? Pintar? Tocar um instrumento? Tens que fazer alguma coisa que te dê prazer." E voltávamos à velha questão das artes. Ser artista já não era um desejo, era uma necessidade para a minha sanidade mental. Raios!

Houve um momento da minha vida em que bailava sem vergonha e com muita alegria. Mas desisti, quando um dia num casamento, um amigo de longa data, que não via há muito tempo, me perguntou: "Andas a trabalhar num saloon?" Não sei que quis ele dizer com isso, mas arruinou-me a festa. Estaria eu com atitudes de puta lasciva, à frente de velhos amigos? Ou será que a minha sensualidade de movimentos o deixou estupefacto? Não fosse o diabo tecê-las, arrumei as sabrinas e deixei de abanar a anca daquela forma. O pior de tudo é que ele nem sequer se deve lembrar disto e a minha carreira tardia de bailaria, caiu por terra.

Depois deste flashback, com direito a vozes com eco e imagem nublada, disse à psicóloga que gostava de escrever. Que até tinha ganho dois prémios na adolescência! Só não escrevia, porque estava à espera do momento certo. Esperava a maturidade para ter algo que contar. Disse-lhe que andava à procura da história certa. Aguardava o sinal divino, a inspiração definitiva. Será que ela não via filmes? Não lia as biografias dos famosos? Estas coisas são assim... De repente algo incrível aconteceria e eu seria uma escritora famosa. Orgulho dos meus pais. Venerada pelos da minha aldeia, como uma vencedora. Não lhe expliquei tudo isso, seria como chamá-la de ignorante. Mas prometi que sim, começaria a escrever.

Passaram dois anos. Nunca escrevi nada. Continuo à espera do sinal dos Deuses. Enquanto não chega, criei um blog. Sem linha editorial, a não ser eu mesma.