Archive for setembro 2011

A volta ao mundo em 523 dias

Há muitos anos atrás, numa cidade não muito distante trabalhei em alguns projetos com uma rapariga, que acabou por se tornar minha amiga. Chama-se Alicia Sornosa e recordo os tempos que passámos juntas, como momento de intensa diversão. Ainda que fosse na labuta!

Passei os últimos 7 anos sem a ver, mas mantivemos o contacto frequente e quase nos encontrámos várias vezes durante este tempo. Um compromisso de última hora, um trabalho, uma tempestade de neve, um voo cancelado e outros contratempos tornaram o encontro inviável.

Há dias almoçámos juntas e apesar de irmos trocando umas ideias durante estes anos (obrigada Internet),  não estava a par de nenhum detalhe da sua vida. 

Foi com espanto que soube que no dia seguinte ao nosso almoço iniciaria uma viagem de moto, durante um ano e meio, pelo mundo. A ideia é seguir a rota dos exploradores espanhóis esquecidos e desta aventura resultará um livro, um documentário e relatos em vídeo e texto neste blogue:


A acompanhá-la neste projeto vai um amigo, com uma vasta experiência nestas andanças. Ela será a primeira mulher espanhola a dar a volta ao mundo de mota.

Para trás deixa a casa, a cidade onde sempre morou, o trabalho, os amigos e, o pior de tudo, a sua cadela Tai.

Vou seguir as suas aventuras pela Internet. Isto é quase tão ousado como fazer um penteado num cabeleireiro, sem antes perguntar quanto é.


drimi@santiagoDEcompostela2011

História cabeluda

Quando recebo um convite para ir a um casamento a minha reação imediata é de felicidade e sinto-o como um elogio: duas criaturas que vão celebrar a oficialização do seu amor, junto aos seus entes mais queridos, incluem-me nesse restrito grupo (que pode chegar às 500 pessoas).

Poucos dias antes da festa (entre 1 a 2), entro em pânico. O que vou vestir? E se estiver frio? E se chover? O que vou calçar? Tenho carteira a combinar? Que acessórios levo? O anel combina com a pulseira? Devo levar anel e pulseira ou só anel? Será demasiado? Os sapatos magoam-me? Muito? Pouco? Estão engraxados? A lista pode ser interminável... 

Uma das questões que nunca me preocupou demasiado foi o penteado: lavado e seco em casa, de preferência bem esticadinho.

Como a minha mãe me tem dito, quase diariamente, que já estou a ficar uma mulherzinha, a última vez que fui a um evento desta natureza decidi ir ao cabeleireiro “fazer um penteado”. Como detesto o look “recém saída do cabeleireiro”, quando o senhor me perguntou: “O que vai fazer?” eu respondi “Apanhado, mas meio despenteado, está ver?” Ele acenou com a cabeça positivamente, mas à medida que o processo avançava, percebi que não.

Pouco interessa o resultado. Depois de algumas indicações, à minha medida, acabei com um trança daquelas “embutidas” e uns pêlos rebeldes aqui e acolá. Satisfatório q.b.

Meia hora depois do início das atividades, a instalação capilar estava feita e eu prontinha para a festarola. Dirigi-me ao balcão e perguntei: “Quanto é?”. Os segundos que se seguiram foram de tontura, náusea e quase desmaio.

- 74.35.
- 74.35 euros?
- Sim. 74.35.

Por momento imaginei-me a arrancar o couro cabeludo e a devolver-lhes o serviço. Mas na verdade foram eles que me arrancaram couro e cabelo.

A ignorância é uma coisa muito triste. Como nunca tinha feito tal coisa, não fazia ideia se estava a ser roubada à mão armada ou se seria um preço razoável.

Depois de uma intensa investigação (nesse mesmo dia e durante a boda – é triste eu sei), percebi que provavelmente paguei mais do que a noiva. Ou melhor, devo ter pagado mais que todas aquelas cabeças juntas. E não, não se enganaram porque passados uns dias fui confirmar o preço de tabela ao estabelecimento.

À noiva pedi que olhasse bem para mim durante toda a festa, e que se deleitasse ao máximo com o que eu tinha na cabeça, uma vez que aquilo seria a sua prenda de casamento. Para me sentir melhor, não lavei a cabeça durante os 10 dias seguintes e desta forma rentabilizei o investimento.

Moral da história: nunca compres nada sem antes perguntar quanto é. Principalmente se não puderes devolver no fim.


                                                                                           drimir@santiagoDEcompostela2011


acordei às bolinhas

primeiro fim de semana a desempenhar funções como mardinha!